-Alzira estava a ser procurada
por alguém desconhecido dos vizinhos, sendo até ameaçada de uma
queixa no Posto da G. Republicana.
( No dia seguinte)
( Maria e Joana caminhavam na direção da fonte com os
cântaros à cabeça)
-Joana - Ouve cá Maria, tu
ontem percebeste olguma coisa da des'queção ca' Alzira teve ca'melher
de fora? Aquilo que se passou na percebi nada, fui até pensar
p'ra casa, eu nem dormi quase nada!
A melher de fora, até 'tava a
dezer que tinha perdido a cami'neta, por causa de perder tante tempe
à procura da Alzira!
-Joana - Olha eu ta'bem fiquei
na mesma, na'percebi nada... Ela só dezia assim pa'Alzira: Você tem
que ir à minha casa, o'canão as
coisas podem se agravar mais do já estão... À Joana a melher 'tava
bastante arreliada, ela até
batia com o sapato no arrebate da porta mesme danada!
-Mas a Alzira, na sei se
reparaste, até 'tava acetuada, e nem quis nada a mal ca'senhora; afinal a
rapariga acabou por convidar a
paleca entrar em casa dela... Eu até tanhe a impressão ca'melher de
fora dormiu em casa dela...
Pa'te dezer com franqueza na'cheguei a perceber patavina!
-Maria - Ali há grande
mester... Mas sabes o qu'eu pensei... A Alzira, há uns tempes saiu de pa'ir
a casa dos paleques, seus
conhecidos... Iste diz ela qu'eu na sei de nada, mas queres tu ver ela
roubou olguma coisa lá fora e a
paleca veio cá por causa disse!
-Joana - Àaaaa!!... Olha qu'eu
na'me tinha lembrade disse à Maria!... Mas se for verdade deve ser
bastante grave! A paleca deve
ser rica e roubou-lhe olgum fio d'oire!
-Voz do anjo mau - Àh!... Eu
até tenho estado distraído para escutar com mais atenção essa
conversa interessante, mas se
alguém roubou alguma coisa tem que ser castigada... Eu trato dessa
gente que andam a fazer mal aos outros!
-Voz do anjo bom- Mas que moral
tens tu para dares lições? Tu que só gosta de atrair os inocentes
para o mal!!
-Maria - À Joana óviste agora
o'lguma vozes estranhas?
-Joana- Eu não.
-Maria - Olha vames andande na
me tom a sentir bem, isse é lá com elas que s'arranjem...
Estes inchentis só me dão cabe da nha'cabeça!
-Joana - T'ans razão e a mim
tabém!
(Entretanto)Alzira sai de sua
casa com a senhora desconhecida da vizinhança)
-Alzira - Prontes já 'tá tude
combinadao a senhora vai apanhar a cami'neta
e eu amnhã sem falta
vou a sua casa. Eu parte logue
de manhã na primeira carreira, p'ra chegar cede a sua casa.
Paleca - Pronte, como já
falamos espero que não vá faltar, eu estou a confiar em si! Olhe que
eu não estou nada contente
consigo, pela cação que nos fez!
-Alzira -Vá descansada
criatura... Beijinhos à restante fami'la, vá lá com Deus!
J. B.
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