8º Episodio
Entretanto em casa do João, a Maria tomava o pequeno almoço na companhia
dos seus filhos, mas a tristeza continuava no seu rosto.
A Joana também sentia a mesma dor, mas ela tinha um papel muito importante
a desempenhar : Estar ao lado da sua mãe, para ela não se sentir isolada.
O mês de Setembro tinha chegado ao fim. As barracas na praia tinham sido
levantadas, com a partida dos turistas. O João, tal como tinha prometido mandou
pintar as letras na parede de sua casa, junto à estrada marginal « Vende-se »; Mais
tarde o João abria a porta da sua moradia um pouco receoso.
- Boa dia. Prontes, ‘tão óvir, a casa já tem as letras na parede,agora na’quer óvir
mais conversas e choradeiras… Quem mais d’enher oferecer, é esse que leva a casa.
Junto da lareira, a Maria acabava de ouvir a notícia despedaçando-lhe o coração.
O Joaquim e sua irmã Joana também estavam presentes sem dizer palavra,ficando no
mesmo lugar envolvidos na maior tristeza. O João ficou irritado ao notar tanto silêncio.
- Eh!!!!,agora ninguém fala, ‘tá’tude mude nesta casa!
- Mas o silêncio continuava. Horas mais tarde, a Maria servia a refeição sem alterar o ambiente.
No final o João disse : T’ás ó’vir Jôquim, amanhã tans-te levantar cedo,temos que por a rede n’auga,
somos o primeiro, vamos ver a nossa sorte, ontem à mesma hora as redes apanharam peixe.
- Na madrugada seguinte, o João e o Joaquim como combinaram, saíram cedo de casa.
A Maria, também se levantou à mesma hora, depois de comprar o pão, deixou-o em casa; pouco
depois a esposa do João, saiu emboçada na velha capa negra. A Joana sua filha, ainda dormia
tranquilamente, ignorando o que se passava. Uma hora depois, à beira – mar perto
do promontório a companha do João, colocava a rede na embarcação para a lançar no mar.
Minutos depois, um dos pescadores mais novos alertou os companheiros para fazer o sinal
da cruz na direção da Capela de Nossa Senhora de Nazaré.
- É camaradas, olhem acolá no ar, um volume negro a voar, até parece um balão!
Todos os companheiros confirmaram a visão do colega. Uma voz alertou:
– Cá p’ra mim, aquilo foi alguém que se atirou do soberco, e é mulher da praia, as saias abriram e fez
aquele grande volume.
O João, cabisbaixo pouco ligava à notícia, continuando o seu trabalho.
- Vocês ‘tão sempre com brincadeiras!
- No mesmo instante, o volume caiu na encosta do promontório. Uma parte da companha do João,
largou o trabalho e correu para o local, com difícil acesso; mas o pescador mais jovem conseguiu
chegar perto do volume; ao reparar ficou surpreendido com o que via…
- Eu nem acredito!
Fim do 8º Episódio.
J. Balau.
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