20º Episódio – História de Vidas.
Francelina, pouco depois da hora do almoço, saiu de casa para ir ao encontro da filha do patrão o Augusto, indo pelo caminho a pensativa… Que novidade é que ia receber.
Pouco depois bateu à porta da Lurdes, ela veio abrir, e ao ver a Francelina recebeu-a com muito carinho.
- Entre, entre que está muito frio na rua. Sente-se aí nessa cadeira; a senhora não sabe a que vem, mas eu vou explicar-lhe, para saber se nos pode fazer um trabalho.
- Diga lá então menina, se eu puder, até tenho muito prazer em servir!
- É assim, como nós damos a nossa roupa a lavar no rio, se a senhora quiser e se puder, nós dividíamos a roupa consigo, sempre ganhava algum dinheiro… Nós sabemos que têm necessidade financeira!
Olhe, muito obrigado por se ter lembrado de mim… Mas peço-lhe uma coisa na’me trate por senhora, eu na’me sinte bem tratarem-me assim… A menina é bem educada, mas peço-lhe que me trate por Francelina se na’se importa… E com respeito ao trabalho, pois aceite sim senhora, e agradeço-lhe do fundo do mê coração.
- Pois muito bem, eu tinha quase a certeza que a Francelina ia aceitar. Olhe ficamos assim; é verdade, eu já vi a senhora na missa ao Domingo, é verdade não é!
-Sim é verdade, eu é raro faltar a uma missinha desde que o mê falecide se enterrou.
- Então ficamos assim, no Domingo à saída da igreja, nós vamos encontrar e combinamos o dia em pode vir a minha casa para levar a roupa… Uma coisa que eu queria lhe dizer: - o meu pai só quer a roupa lavada no rio de longe, agora não sei se a Francelina pode andar assim tão longe!
- Posso amiga, é lá que eu lavo a minha roupa, eu não quero outro rio, esteja descansada.
Pouco depois, Francelina chegava a casa muito contente, dizia para si: - Ai Senhor, olha que rica coisa me haviam de dar, sempre ganhe alguma coisinha sempre há-de dar para o pãozinho… Obrigado ó meu Deus… Quem vai ficar tabém contente quando souber é o mê filhe; e então p’ra quem é!... Ai Senhor, Deus queira que ele vá tendo juízo! Quem sabe, se está ali o seu futuro! E se ele conseguisse casar com a filha do patrão!… Ela parece uma boa moça, e muito educada! Agora ‘tava a tratar-me por senhora… mas quem sou eu!! Mas a piquena ta’bém fez logue o que eu lhe disse. Daqui amanhã, se as‘nhas vizinhas ouvissem a moça, a tratarem-me por senhora… tabém tá!... Chavam-me vaidosa!
Ao fim do dia, o Mário chegava a casa, ansioso para saber a novidade que possivelmente a sua mãe tinha para lhe contar.
Olá mãe. Então que novidades tem para me dizer?
- À filhe, eu tou tão contente que na’queiras saber!
- Diga lá mãe, o que queria a Lurdes?
Fim do 20º Episódio
J. Balau.
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