quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Recoveira

Início do 2º Episódio

Entretanto, a Maria da Nazaré também sabia deste acontecimento, uma sua amiga contara - lhe com todos os pormenores.

Apesar dos dois envolvidos na zaragata, gostarem muito da Maria, ambos eram seus conhecidos e aceito como bons rapazes.

Talvez o ciúme levasse longe demais, a conquista do coração da jovem.

O João, filho de um pescador, era muito estimado pelos pais.

Viviam sem preocupação,enquanto que o Zé Fatecha, também filho de um pescador, sentiam dificuldades financeiras.

Maria da Nazaré, tinha assim dois pretendentes que não desistiam de a conquistar.

O João, hospitalizado, aguardava as melhoras para sair.

Dias depois. O Zé Fatecha tinha recebido um aviso doTribunal de Alcobaça, para prestar declarações sobre a agressão ao João.

Depois de ser ouvido, explicou as suas razões e voltou a casa até novo aviso.

Uma semana depois, chegou o Carnaval.

Era Domingo, as cegadas e ranchos animavam os presentes. Os forasteiros também não faltaram.

O povo seguia os grupos, a fim de ver as exibições nas Praças e largos mais convenientes.

Maria da Nazaré também estava presente entre a multidão a observar o espectáculo.

O Fatecha já perseguia a jovem há algum tempo, esperando a melhor oportunidade para se aproximar dela.

Fatecha - Olá Maria, bons olhos te vejam melher!

Maria - Olá , olha qu’este ranche é muito bonite!

Fatecha - Nem por isso. Este não é o meu género, gosto mais das coisas da ‘nha terra!

Amanhã sai a nossa cegada!

Se quiseres ir ó ensaio geral podes ir, é por cima da Taberna do José Maria!

Maria - Nã’ vou Tónho. O mê pai nã’ me dê’xa sair de noite.

Fatecha - Só se é por seres, mais do que as outras raparigas!

Maria - Cada um é como é!

Fatecha - Tu nã’ és nenhuma criança, já fizeste vinte anos. Olha faz o que quiseres, eu vou até ó Sul!

No dia seguinte, a hora do ensaio geral aproximava-se.

O Zé Fatecha, de vez em quando, deitava o olhar para a entrada.

A presença da Maria da Nazaré, dava-lhe satisfação mas estava tardia essa novidade.

Fatecha, impaciente saiu da sala sem deixar aviso.

Pouco depois, Maria da Nazaré entra na sala, acompanhada da sua amiga a Manuela.

Entretanto, as restantes personagens estavam impacientes com a ausência do Fatecha.

Na assistência, alguns olhares mais atrevidos murmuravam sobre a presença da Maria da Nazaré.

Espectadora I - Olhem, quem tá’li !

Espectadora II - À melheres, olha qu’a Maria nã’ quer o João, filho de pessoas com bastantas posses, e até tem três casas no centro da terra, p’a querer o Fatecha que nã’ tem onde cair morto!

Ela pa’tar aqui’ deve namorar com ele de certeza!

A Maria da Nazaré sentia-se envergonhada, notava na assistência que alguém falava nela.

Entretanto, o Fatecha entrou apressadamente na sala, dando conta da presença da Maria, mudando de repente a expressão no seu rosto com um leve sorriso.

Pouco depois. O ensaiador dava o sinal para o começo da cegada, e logo o tocador de banjo dava as primeiras notas musicais.

O diálogo da cegada desenrolava-se com cantigas nos intervalos.

A assistência, de vez em quando, aplaudia as cenas que mais se destacavam.

Antes do final, a Maria da Nazaré saiu apressadamente da sala com a sua companheira.

Tomando conta, o Fatecha não ficou satisfeito com esta atitude da Maria da Nazaré.

Depois de acabar a apresentação da cegada, o Fatecha saiu rapidamente, a fim de tentar encontrar a Maria da Nazaré e pedir explicações da sua saída antecipada.

Fim do2ºEpisódio

J.B.

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