Oh maldição do tempo em que vivemos!…
Encheste a sepultura com o meu amor.
Nada mais resta de ti. Tudo perdemos.
Ficou a dor.
Apetece dizer que fui traído.
Apetece chorar. Não sou capaz.
O meu coração foi extraído
quando tinha paz.
Apetece gritar. Quem vai escutar?
Apetece escrever a minha vida.
A tua, já eu sei: não vai voltar;
para sempre perdida.
Apetece morrer quando abro os olhos.
Apetece parar quando avanço.
Ficaram no tempo todos os sonhos.
Agora descanso.
Tantas horas que passei apavorado.
Tanta fúria impiedosa do mar.
Sempre venci. Agora estou derrotado.
Não bastou amar.
José Balau - do livro – Maré Viva.
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