O Pároco durante as orações, deitou água benta sobre as artes de pesca e nos pescadores, que oportunamente baixavam a cabeça para também serem benzidos.
Depois do serviço religioso, todos regressavam a casa. Joaquim dialogava com a sua esposa enquanto tomavam a última refeição.
- À Joana, tu na’reparaste que o senhor Prior molhou-me a cabeça com a água benta! Eu, até me ‘tava a consolar naquela altura… Olha aí a luz do candeeiro a petróleo, até parece que ‘tá mais viva!
Há qualquer coisa estranha que ‘tá a mudar na minha vida!
- A Joana escutava o marido com atenção, mas não queria perder a oportunidade, para lhe dirigir algumas palavras.
- Na minha opinião, isto é um sinal de Deus que ‘tá contigo Jô’quim… Como tu nunca gostaste dos padres nem da Igreja, o Senhor está a dar-te um sinal que te quer ajudar. Jô’quim agora é preciso, é que tenhas fé em Deus. Tu na’ouviste, o senhor Prior dizer a mesma coisa!
- O Joaquim estava agora diferente, e já sabia distinguir algumas coisas que noutro tempo ignorava.
Uma semana depois. O sacristão depois de acabar o seu trabalho no campo, encontrou o Joaquim no caminho.
- Boa tarde Joaquim.
- Boa tarde Francisco. Queria agradecer-te o favor que me fizeste. Eu estou muito contente por ter mandado benzer as redes.
- Não tem importância, o que eu fiz foi o meu dever e nada mais!
- Olha a minha empresa vai amanhã trabalhar à tarde no Lance Norte. Se puderes vai dar-nos uma ajuda, é o primeiro lance depois de benzer as redes.
- O Francisco andava preocupado com a lida da horta.
Estávamos no mês de Fevereiro, e era necessário preparar as novas sementeiras. Mas, lá foi dizendo.
- Olhe Joaquim, eu agora tenho muito trabalho na horta, mas talvez te possa dar uma ajuda. Desculpe, já é um pouco tarde, e ainda tenho que ir para a Pederneira. Va’ com Deus até amanhã.
- Depois da despedida o Joaquim, pouco depois entrava em sua casa. A sua esposa acabava de preparar a última refeição. Entretanto ele disse para Joana.
- Joana, sabes quem vai ajudar amanhã ajudar alar a nossa rede?
- Eu não, ainda na’me disseste!
- É o sacristão. ‘Tive a falar com ele agora mesmo.
- Joana ficou surpreendida com a notícia –
- Tu na’me digas… Ele só costuma ajudar a rede do Alberto! Olha Deus queira que nos dê sorte!
- No dia seguinte, a chegada do Sacristão à praia, para ajudar a alagem da rede do Joaquim, foi para os presentes uma grande surpresa. Há meses que que não se via peixe na arte do Joaquim; agora todos aguardavam a sua sorte. Uma hora depois, Já quase no final da alagem da rede, o mestre apressou a companha.
- Puxem, puxem companheiros, já vejo peixe na frente! A rede tem muito peixe!
- O entusiasmo foi geral. As peixeiras, levantaram as mãos e fixaram o olhar no céu, como agradecer a Deus aquela oferta. O mestre Joaquim também estava contente, ao ver tanto peixe na rede. O peixe saltava, assim como os corações de cada um.
- O Francisco, um pouco confuso, deu também uma ajuda a transportar o peixe, para ser leiloado na lota.
Horas depois, dirigiu-se à igreja e depois de fechá-la, entrou em casa bastante fatigado. Descansou um pouco no cadeirão meditando sobre o acontecimento da pesca do Joaquim. Dava-lhe que pensar.
O Francisco, depois de fixar na parede, um antigo oratório herdado de seus pais, pensou para si.
– O mestre Joaquim, nunca mais se vai esquecer deste lance. O que aconteceu hoje, foi um grande exemplo de Deus. O senhor Prior quando souber desta notícia, vai ficar também contente.
Fim do 4º Episódio. J. B.
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