O filho do Pescador - 6º Episódio

O Filho do Pescador- 6º Episódio

Manuel – Prontes, na’se canse mais eu vou à escola, mas se me der mal, eu já‘tou avisar, nunca mais eu ponhe lá os pés, ‘tão óvir!

-Uma semana depois. O Manuel dava entrada na escola. A sua irmã acompanhou-o num dia bastante chuvoso. Ambos abrigados num casaco de oleado começava assim o primeiro dia de aulas do Manuel.-

Professor – (na escola) Então rapaz, tu vens todo molhado, como te chamas?

Manuel – Eu, Manel Jô’quim.

Professor - Manuel Joaquim queres tu dizer!

Manuel – (à parte) À à à… Não é o qu’eu digue, o professor já ‘tá embirrar comigue…

(O Manuel ainda um pouco contrariado, não respondia corretamente às perguntas do professor. O medo ainda o dominava. O professor compreendendo tal reação, procurou tranquilizar o seu mal estar.

Ao meio da tarde, o Manuel regressava a casa. O saco grosso dos livros, batia-lhe nas costas, ao ritmo apressado do caminho. Até que encontrou uma colega tomando a mesma direção, até perto de sua casa. Os jovens já se conheciam, era uma companheira das habituais brincadeiras diárias. A menina (Rosa) notava-se uma certa tristeza, o Manuel ganhou coragem e perguntou-lhe.)

Manuel – Rosa, parece que’tás triste, aconteceu-te alguma coisa?
Rosa – Não, não aconteceu nada…São coisas da escola!

Manuel – Mas estou a ver-te a chorar… A professora bateu-te?

Rosa – Não, na’foi nada…Sabes, eu ainda na’tanhe os cadernes e os livres, e a professora disse-me agora pa’nha mãe ir amanhã à escola, e eu ‘tou com mede disse…Ela na’tem denher, se o meu pai fosse vive, na me faltava nada, por isse ‘tou muite triste!

Manuel – Um pai faz muita falta em casa…Mas olha na’chores amanhã dizes à professora que a tu’mãe ‘tá muite doente e na’pode ir falar com ela e eu vou ver se consigo os cadernos que te faltam.

Rosa – Mas como vais arranjar as coisas que me faltam!... Tu tabém és pobre!

Manuel – Deixa lá, na’penses nisse, alguma coisa eu vou conseguir!

Fim do 6º Episódio
j. Balau