sexta-feira, 24 de abril de 2015

1º Episódio
Nazaré - E                                                 
                                              Nazaré.  Os Inchentes de Verão                  1
(Júlia) Uma mulher Sexagenária modesta, percorre a marginal desnorteada, com a placa na mão 
a falar sozinha)
Júlia – Enliadeiras enliadeiras enliadeiras…Viesse agora mais essa, na minha cara tirares os meus clientes… Esta gente têm mais de 20 quartos para alugar migas… e eu na posse alugar o meu quartinho à melheres... invejosas é quelas são! (Bate no cu como dar o desprezo a quem a provoca) Eu na’tenhe luches mas sou uma asseada, desde o arrebate da porta até ao tete…
( à Parte) - Um dia destes até caí do escadote a limpar as paredes ia partindo a clabica.
 À melheres é só a dezerem mal do mê’quartinhe… aquela vaidosa a dezer ao turista ca’nha cama era do tempe das armações. Mas elas só andam alugar quartos que na’são delas!
( chega outra melher adulta, com a placa alugar os quartos a (Rosa) 
Rosa – Que é isse jul’a, já tás outra vez a ralhar!
Júlia – Eu na’tou a ralhar, tou a desabafar comigue mesme… Esta gente na me pode ver à miga… tão - me sempre atirar à cara ca’quile queu tanhe e o que não tanhe…Olha c’uma esperta, disse-me agora ali, qu’eu nem durme só por c’osa d’alugar o quarto: Já vites a nha sorte! À dias, uma até me disse ca’nha cama, é das de ferre antiga…Olha ‘inda bem, nunca ninguém se me queixou que se partissem as taubas…Inveja é quelas têm! Sou pobre, mas sou ma’melher às diretas!
Rosa – Na dês crete a ninguém Júlia faz a tua vida!
Júlia – Elas já na’sabem o que hão-de dezer só p’os turistas na virem comigue…
Olha a cama de ferre nunca ganhou percebes… E todos anos é pintadinha de branco.
Rosa -, Mas s’elas tem luches, na’são delas os donos das casas na são de cá!
Júlia - Quando uma pessoa nasce sem sorte, mais valia logue desaparecer! Ai ai, a nha rica vida d’atigamente! Que saudades eu tanhe da minha liberdade…Esta vida parece mais uma prisão!                            Canta  -(Sabe-se lá ) C D - 8
         1
Sabe-se lá
Quando a sorte bate à porta
Sabe-se lá
Se ela nunca chegará.
A minha vida
Mudou tanto tanto tanto
Parece que sou seguida
Pela má sorte em cada instante

 Merecia melhor sorte
Tanto trabalhei na vida
Com a placa na mão. Sul ao norte
Assim fico consumida.
Nunca tive grande riqueza
Estou só que Deus me guarde
Não sou vaidosa nem tesa
Só quero alugar o quarto
Para cumprir meu triste fado.
                                          nchentes no Verão

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