9º Cena – Recordar o Passado
Júlia –
Na’teja já a pôr panhinhes quentes no assunte; como eu more mesme em frente a
ela, é a dar-me o despreze… Mas eu so’m assim tão reles!!
(Entretanto entra o Ti’Tonho na companhia do seu neto e senta-se
no Banco.
Com um pedaço de cortiça começa a dar forma a um barquinho
enquanto o neto vai obsevando o trabalho do seu avô)
Ti’Tonho –
Bom dia o’tra vez.
Júlia – Já
deu meio dia, é boa tarde! (Júlia
continuava a relatar as suas máguas)
Pois é
Ti’Ana eu até fiquei sem pinga de sangui; aquela melher pensa queu sô’olguma
ógu’ma galdera!
Ti’Tonho – Tou a ver, pa’quile eu tou óvir o
funde anda praí muite remaxide
Júlia –
Olhe s´’anda remexide olguém fez causas p’ra isse… bem basta o que o João
Alvarenga fez ó braçe do mê filhe, agora
é a provocação do penique à esnela!
(Entretanto o garoto e diz algo aos ouvidos do avô)
(Entretanto o garoto e diz algo aos ouvidos do avô)
Ti’Tonho fica admirado – Tu
tens a certeza disse nete?
Neto –
Tanhe sim avô, eu vi tude!
Ti’Tonho -
Ouve cá júl’a, tu tans a certeza que o João bateu com uma recoveira no braçe do
tê filhe!
Júlia –
Quer dezer, vossemecê na s’acerdita em mim!
Ti’Tonho –
Não acredite não… porque acredite mais no que o mê nete me disse agora!
(Ti’Tonho leva o neto junto da Júlia) Diz aqui à jul’a toda a verdade|
Neto – Foi
assim: Nesse dia eu ‘tava a ver jogar a bola na bord’água, e vi um homem dar um
pontapé no brace o sê filhe João!
Ti’Tonho –
Ora aqui tans Júl’a a verdade!
Jília –
Ouve cá migue, tu na t’as pra’i a dezer uma mentirazinha!!
Garoto –
Na’senhora, eu nunca minto, é issso que eu aprendo na escola.
Ti’Ana –
Confia na criança jull’a…. E esta ‘atão, tanhe muita confiiança nela!
Júlia –
Mas o que sabe você desta encenca Ti?Ana?
Ti’Ana - Mas
se tu queres saber eu digo-te já… Mas prepara-te para uma grande surpresa!
Júlia – Tabém, vanha de lá ela, na’tanhe mede
de nada!
Ti’Ana –
Escuta bem. Ainda na’foi há muite tempe, entrou aqui alguém emboçade num gavão,
pa’me contar a verdade do acidente do tê filhe!
Júlia –
Mas quem foi esse homem?
Ti’Ana – (com vigor diz) Foi o tê filhe, chegou aqui com o braçe ó
pête p’ra me dezer a verdade.
O tê filhe
quer pedir desculpa ao João , e pôr iste em Prates limpes…Como vês a criança
na’te mentiu!
J. Balau,
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