12ª Cena –Recordar o
Passado
Rosa – E parece co’Manel já na’passa cá o Entrude, vai
embarcar ele já ‘tá melhor do braçe… A mãe dele anda toda tesa; É uma vaidosa!
Ti’Ana – Na’deves ter a mal por
isse… Mãe é mãe, e gosta de ver o filho bem colocado!
Rosa – Olhe Deus lhe dê tude de bom!
(Júlia entra e escuta
o diálogo)
Júlia – Quem t’ovir falar assim…
‘Tás muito caridosa…Ouve cá p’ra que tiraste o penique da ‘esnela… Dê’xaste
‘tar mais uns dias até ó Entrude; Assim já ninguém levava a mal… Uma volta de
mar te desse, fora de gente humana!
Rosa – Qre’de, ainda na’acabou a raivice!! O que lá vai lá
vai; ó mê’me tempe arrependi’me, mas iste aconteceu tude por c’osa de ti e da
tu’lín’ga!
Ti’Ana – Na’comecem ó’tra vez ca d’escussão… vocês sempre se
deram bem e ninguém quer dar o braçe a trocer, arre gaita! À Rosa pede desculpa
á jul’a e fiquem amigas como dantes; iste é uma vergonha! ( Júlia e Rosa olham-se de frente mas cabisbaixas)
Vá lá dê’xem de ser orgulhosas e façam as pazes!
(Ti’Ana rapidamente
agarra as duas amigas e obriga-as a abraçar e pedirem perdão. Pouco depois
ambas estavam contentes.)
Júlia – À Rosa desculpa, iste na’volta acontecer!
Rosa – T’ans rezão desculpa tabém, eu tanhe andade muite
norvosa!
Júlia – Olha, vou dar esta novidade ó mê filhe, ele vai
embarcar daqui uns dias.
Rosa – Eu já sei isse desde ontem!
Júlia – À cara de catane, como soubeste esta novidade… Iste
até ‘tava em segrede!
Rosa – Na’tejas já alçar-te toda… Na’há nada que na’se
saiba… Olha mesme à bocade aqui na taberna, desejei boa sorte ó tê filhe… Assim
eu tivesse sorte com os meus!
Estas piquenas d’agora parece qu’andam cegas!
Júlia – A Maria tabém é boa piquena e engraçada, o tê filhe
vai bem!
Rosa – Mas o quê… Tabém já sabes do interesse do mê filhe
pa’Maria!!
Júlia – Pois sê, na’há nada que na’se saiba!
J. Balau
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