
Tragédia
Das portas do mar
vinham os gemidos...
Corri a espreitar,
vi grupos, amigos.
Mas... Que será isto?
Em cada vulto há pavor.
Como choram! Valha-me Cristo...
Nos rostos há marcas de dor.
Ó mar, pára de berrar!
Nada consigo ouvir.
Só vejo gente a chorar,
outros, já loucos a rir.
As mãos balançam no ar,
as pernas tremem a prumo.
Ah! vejo alguém a nadar:
corpo cansado sem rumo.
Ó barco como o mar te engoliu!
Tu, que embarcaste tantas esperanças
desta gente que nascer te viu
como estas pobres crianças.
OH! Criatura...
Agarrem essa mulher!
No mar quer a sepultura
ao ver os seus a morrer.
Crianças órfãos! E agora?
Esses olhitos de espanto...
Chamai por Nossa Senhora!
Protegei-vos com o seu manto.
Ó praia bela! Estás perdida
entre lágrimas de Sul a Norte.
Para uns, morreu a vida.
Outros ficaram sem sorte.
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