Recordações de um Velho Pescador
Nazaré noutros tempos.
Numa bela manhã de Junho, o movimento no areal era
constante. Os barcos, saíam e entravam no mar,consoante
o tipo de pesca de cada empresa.
Havia uma correria louca, os pescadores tiravam dentro duma embarcação, os cabazes cheios de sardinha acabada de pescar.
As Peixeiras, essas carregavam à cabeça, os cabazes até à lota instalada na praia.
Os rapazes mais atrevidos, seguiam as peixeiras para tentar
furtar, com um pedaço de arame, algumas sardinhas dos
cabazes ;guardando rapidamente no seio da camisola.
Tudo isto, não era novidade para mim,mas alguém estava interessado em fotografar, todo este ritmo de vida forçada.
Vinha eu da pesca neste dia para casa, bastante cansado,
depois de uma noite perdida, com uma enfiada de peixe na
mão, quando um senhor desconhecido falou para mim. Falou,
falou mas nem uma palavra eu entendi.
Deve ser estrangeiro pensei eu; mas sem perder tempo, uma
senhora que acompanhava o estrangeiro, dirigiu-se a mim e perguntou-me.
O senhor vem da pesca?
Pois vanhe... só se tá neuva!...E vai ela depois p'ra mim: - Mas
que belo palco da vida, que eu estou a ver aqui... São cenas
tão reais que esta gente tem!.
Pois olhe minha senhora, só que estas cenas, não são cenas de
teatre, são cenas de vidas duras, sacrifício e dor, onde só o
pescador por ser pobre, tem necessidade de o fazer.
A senhora olhou para mim, e pediu-me para ela tirar uma
fotografia agarrada a mim, mas eu recusei... Não, na'pode, a
nha melher, é muite desconfiada!.
Bom dia, passe bem.
José Balau
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